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              Chita

                    pano com alma

 

 

A chita tem alma brasileira. Não nasceu aqui, mas sempre esteve presente no país. Acompanha nossa história há pelo menos 400 anos, vestindo escravos, camponeses, personagens da literatura, da música e da televisão ou exibida nas passarelas da moda e até em museu. E como ela reflete bem o espírito do brasileiro! Suas cores vibrantes e os traços imperfeitos das estampas de flores e folhagens transmitem a nossa alegria espontânea, simples, imperfeita, com um quê de criança, ingênua, e por isso tão encantadora. 

 

Sua história começa na Índia. Foi descoberta pelo Ocidente na época das grandes navegações, quando Vasco da Gama, em 1498, aportou na cidade de Calcutá e encontrou o tecido – que, na verdade, é mais do que um tecido. A chita é uma família de panos, composta pela chitinha, cujas flores estampadas são miudinhas; pela chita, com desenhos de tamanho médio; e pelo chitão, que tem a mais famosa das estampas, com seus enormes florais e cores bastante vivas. O tecido é sempre um algodão chamado morim e o colorido intenso funciona como disfarce das suas irregularidades.

 

Da Índia, a chita foi levada para Portugal e então se espalhou por países da Europa. Foi objeto de desejo das elites e deu origem à versão fina do chintz. Por aqui, ela era um produto importado da Índia, Inglaterra e Portugal e chegou a ser usada como moeda de troca no tráfico de escravos no Brasil-Colônia.

 

Aliás, a chita esteve presente em grandes momentos do país, sempre do lado do povo e também o vestindo. Por isso, é considerado tecido símbolo da cultura popular.

 

Antes da Independência do Brasil, em 1822, era usado pelos escravos. Na República, vestia subempregados, errantes, moradores de cortiços. Era pano de pobre, roupa de caipira e de criança brincar. Também embelezava as casas simples do campo, em forma de toalhas de mesa, cortinas, cobertas...

 

Nos anos 50, a arretada chita inicia seu caminho rumo a momentos de glória fora das classes populares. Em 1959, a estilista Zuzu Angel foi uma pioneira que inseriu a chita no mundo fashion. Exibiu uma coleção com saias feitas de chita e zuarte, tecido semelhante e igualmente barato. Foi um sucesso! 

 

A chita também brilhou em expressões artísticas e revolucionárias da época, como o movimento hippie e o tropicalismo, no final dos anos 60. Caetano Veloso e Gilberto Gil, que foram presos e tiveram que partir para o exílio, usaram chitões. Outro tropicalista adepto do tecido: Tom Zé. Seu uso também podia ser entendido como uma provocação àqueles sombrios anos de ditadura. 

 

Até o velho guerreiro, Chacrinha, exibiu chitão no seu icônico programa de TV. Mas o tecido talvez tenha atingido o ápice da glória em 1975,  quando foi parar, em forma de vestidinhos cheios de frescor, na pele da brejeiríssima Sonia Braga, na novela “Gabriela Cravo e Canela”, adaptada da obra homônima de Jorge Amado. 

 

O esforço de reconhecimento do valor da chita tem como contribuição essencial o trabalho de fôlego da galerista Renata Mellão, autora da bela obra “Que Chita Bacana”. Junto com o lançamento do livro, em 2005, aconteceu a mostra “Chita na Moda”. Idealizada por Renata, o Museu da Casa Brasileira expôs peças criadas com o tecido por alguns dos mais prestigiados estilistas. Depois, a exposição foi apresentada em Paris.

 

 

Fonte: : “Que Chita Bacana”, 240 páginas (Ed. A Casa) de Renata Mellão

 

 

 

© Saiote de Chita - república feminina                                                                                                                                                   

 

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